quarta-feira, 4 de setembro de 2013

ENSINAR A PENSAR É EDUCAR..


O Que as Crianças Deveriam Aprender
Autor: Jon Talber [1]
Ensinar a Pensar é Educar...
"Um animal irracional é domesticado pelo medo e recompensas, não precisamos imitá-los..."
mãe lendo para o filho
Será que que toda inutilidade, que sabemos para nada servir, isso também precisamos ensinar para as crianças?
Para pensar: Um lenhador, certa feita, comprou um machado com cabo de ferro, por se dizer defensor do meio ambiente, quer dizer, das árvores...
Dentro de um mundo que chamamos de “mundo das aparências”, um cenário ideal criado pela sempre faminta indústria, ou processo doutrinário do “vender qualquer coisa”, onde se incluem objetos, ideias e ideais, a construção de uma personalidade “batizada”, quer dizer condicionada, tornou-se sua principal meta existencial.

Observe o mundo artificial que criamos para nossos pequenos. Os personagens não são de verdade, os objetos são modificados, ganham uma aparência bizarra, que categorizamos como engraçados. Quem define o que é engraçado, nós ou as crianças? Quem cria o conceito de engraçado, nós ou nossas crianças? Claro que não são elas, elas são os consumidores finais, o alvo de tais criações. Assim, se somos nós, não se trata tão somente de uma forma de condicioná-las? Idealizamos o engraçado, damos forma a esse engraçado, e a etapa seguinte é a tarefa de convencê-las de que aquilo é de fato engraçado, e está feito.

A mesma coisa é válida para as fantasias, os reinos mágicos, encantados, criados para entretê-las. O que esperamos obter com tal tradição? Isso ainda não temos como saber, e o que acontece é que nos deixamos levar pela conversa dos “especialistas”, afinal de contas, eles devem saber. Mas, será que sabem? E só repetimos aquilo que um dia já herdamos de outros. E se há algum ensinamento educativo, ético, proveitoso, ou seja lá o que for, que verdadeiramente posamos extrair desse costume, aparentemente a coisa ainda não logrou o desejado, pretendido e cognitivo efeito.

Para uma imensa, bem estruturada e sólida indústria, a mesma que cria tais fantasias e seus espetaculares mundos abstratos, há um efeito, e este conhecemos bem, chama-se lucro. Pelo menos para eles a coisa já é um sucesso. E há todo um corpo docente, os criadores, e por trás deles uma espetacular máquina publicitária a tentar nos convencer que essa é a coisa certa.

Diversão não precisa estar casada com ilusão. Diversão é uma coisa, é uma atividade lúdica com objetivos cognitivos claros, e disso toda criança carece, mas ilusão, mentiras, fantasias inexistentes, disso elas não precisam. Não se edifica uma realidade em cima de uma fantasia.

Fantasia é uma mentira disfarçada de sonho realizável, de coisa possível, que logo se torna uma necessidade, uma falsa necessidade em cima de uma falsa realidade, um objetivo utópico, inalcançável, uma porta de entrada para nossas futuras frustrações e o eterno sentimento de que nunca seremos capazes de nos realizarmos.

Uma criança, e mesmo um jovem, pré-adolescente ou mais velho, desconhece os problemas dos seus pais, dos adultos, e o mais absurdo, desconhecem mesmo a sua própria fisiologia. Ocorre que, como adultos, tendemos a cultivar a falsa crença de que esse jovem é incapaz de compreender e assimilar as situações que já fazem parte de nosso cotidiano. Paradoxalmente, estamos cientes da sua formidável capacidade e potencial intelectual, quando lidam com as novas e complexas tecnologias, com invejável desenvoltura, coisa que, mesmo dotados de mais experiência de vida, não possuímos.

Onde está o erro? Ora, se os jovens são capazes de assimilar tecnologias complexas, por que não estariam aptos a compreenderem coisas infinitamente mais simples, como são os problemas estruturais e corriqueiros de uma família? Precisamos entender uma coisa: o fato de expormos um problema para eles, não quer dizer que irão interagir com o mesmo para solucioná-lo. Tal compartilhamento serve apenas como informação, para cientificá-los de que eles, os problemas, existem, que fazem parte da vida humana, que caminham lado a lado, de mãos dadas, com a parte não problemática.


Não somos nós, mas as autoridades, os regentes do conhecimento, que nos dizem o que fazer, o que pensar, o que sonhar, o que desejar, como se fossemos brinquedos sofisticados movidos aos seus impulsos, vaidades e ordens. Apenas seguimos o roteiro, obedientes, submissos, tementes de questionar o porquê de cada uma dessas coisas. 

De perder é sempre o nosso receio, seja uma ideologia, seja uma crença, seja o que for. Apoiamos-nos na autoridade de uma tradição, e tais coisas usamos como muletas, na esperança de que aquilo nos dê força para também dominarmos, nossos filhos, nossas relações, quem estiver em nosso entorno. Se o argumento deles é capaz de nos controlar, então, por que não usamos esse mesmo argumento na esperança de controlar os outros?



O Que as Crianças Deveriam Aprender
Autor: Jon Talber [1]
A dúvida é o primeiro indício de inteligência...
"O Educador que não pensa antes de falar, cria o aluno que fala antes de pensar..."
Criança Brincando
Se para descobrir o que vem a serBom Senso ficamos na dependência dos meios de comunicações, então, estamos perdidos...
Formar crianças livres e felizes não é nossa meta, não temos nenhuma meta, apenas seguimos ordens, a chamada “opinião oficial”, objetivos alheios e terceirizados, cujas origens desconhecemos, e os resultados são meros acasos. Ser bem sucedido, ter uma profissão rentável, um padrão de vida material razoável, é a promessa que nos impulsiona, é o objetivo que temos como meta existencial, é a força regente de nossas aspirações.

E isso iremos repassar na íntegra aos nossos filhos. E raramente ocorre de questionarmos porque, a despeito de seguirmos à risca tudo que está na “cartilha”, ainda não conseguimos nosso propósito maior que é viver em paz. Se êxito pessoal for conseguir um bom emprego, ter uma razoável qualidade de vida material e morrer sem saber a razão pela qual existimos, ou morrer rico, isso, decerto, isso alguns irão conseguir. Mas, excluindo-se os alienados que sofreram tamanha lavagem cerebral que estão incapacitados para pensar, todos os demais, encontrarão algum dia o estado de paz plena, de impertubabilidade?

Alguém supostamente realizado, que está em paz, não trabalha para aumentar seus lucros 20 horas por dia. Se ainda não está satisfeito com o que tem, mesmo que aquilo lhe proporcione uma estável qualidade de vida, ainda está muito distante de descobrir o que vem a ser o estado de paz, ou contentamento.

Mas há a esperança de dias melhores, e como cegos seguindo um cão guia, preferimos nos encolher na acomodação, na crença de que as autoridades, as mesmas que ditam nosso destino, até o fim dos nossos dias, estejam zelando para um dia isso se concretizar. E tudo isso deverá acontecer como num passe de mágica, como se fora um entregador de pizzas que irá bater à nossa porta trazendo a boa nova. Eis a herança que, até esse momento, temos para nossos filhos.

Uma criança ou jovem não compreende porque sua mãe muda tanto de humor em certos períodos do mês. Os conflitos são inevitáveis, produto de uma ignorância instituída, premeditada, cego guiando cego, quando a simples instrução, o esclarecimento básico, até como forma de respeito, resolveria de vez o problema.

Que coisa tão simples, chama-se TPM, ou Tensão Pré-Menstrual. Poderíamos explicar para nossas crianças que suas mães padecem de tal transtorno, natural, normal, comum, parte de suas fisiologias, nada de absurdo. Distúrbio esse que é capaz de transformar seu estado emocional, tornando-a mais sensível, irritadiça, ansiosa, nervosa; estado esse que, do ponto de vista dos filhos ignorantes, pode parecer, que é implicância, perseguição, intolerância intencional.

Não estaria nessa simples explicação a solução de muitos problemas de relacionamento entre mães e filhos, e filhas? Se é um problema para os adultos, que já conhecem o problema, imagine para crianças, sensíveis, emocionalmente instáveis, que tendem a tudo levar para o lado pessoal?
mulher com dor de cabeça
O mais importante ponto na relação humana deveria ser o entendimento...


Fazê-las compreenderem através do esclarecimento o tal estado hormonal, físico, emocional das mães, evitaria muitos conflitos, e estas poderiam efetivamente ajudar a mesma a superar de forma menos traumática esse ciclo. Se elas compreendem como programar um computador, não estariam também aptas a compreenderem esta coisa, infinitamente, bem mais simples?

E sobre os problemas da velhice, isso também não faz parte dos seus dias, não é o futuro de cada uma delas, pelo menos da maioria? Compreender, conhecer os problemas da velhice, ou boa idade, ou qualquer outro nome que se institua, não seria uma motivação à tolerância, onde estariam mais dispostas a conviverem sem antagonismos com os mais velhos? Conhecer os problemas de cada idade, não as tornariam mais humanas, mais responsáveis, mais naturalmente disciplinadas e comprometidas com o bem estar social, já que no final de tudo, também é o delas? 

Estudar os limites de compreensão de cada idade, o que cada faixa etária é capaz de assimilar, isso deveria ser um quesito da grade curricular regular. Do mesmo modo que se institui adequação de brinquedos, filmes e programas por faixa etária, porque não instituir uma adequação daquilo que cada indivíduo em crescimento é capaz de assimilar? 

Por que os pais esperam pelos educadores, e os educadores esperam pelos especialistas, e os especialistas esperam pela oportunista indústria dos padrões de entretenimento para então lhes informarem o que devem fazer? Esses mercenários do lucro estarão dispostos a esclarecer de forma limpa, a criar em nossos filhos uma mentalidade questionadora, investigativa, ou farão exatamente o inverso, uma vez que a criação de indivíduos pensantes pode significar dar um tiro no próprio pé? 



Em nossa pauta de aprendizado há espaço para tudo. Para brincadeiras, para experiências pessoais, para nossas crenças, o que quer que seja, mas, devemos considerar o ensino como uma forma de instrução e não de lavagem cerebral. Ensinar nossos filhos pela forma mecanicista, pela força da tradição e costumes, onde não precisam pensar para agir, onde basta ser capaz de imitar, onde não consideramos aquilo que são capazes de assimilar, mas sempre o que são capazes de reproduzir, como simples animais amestrados, isso não é educação. 

Mas, para se construir mundos de mentira, repletos de fantasias bizarras, habitados por indivíduos patológicos serve. O que podemos esperar depois, senão que construam um mundo igualmente doente?




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