sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Pedagogo versus educador..minha prática.

   Durante o meu curso de magistério, nos estágios e mesmo dentro da própria escola em que eu cursava e depois nos estágios do curso de pedagogia pude observar o tão delicada e difícil é a relação pedagogo/professor. Nas séries iniciais nem tanto, a convivência pode até ser agradável, mesmo com alguns pequenos tropeços, mas quando se trata dos professores de áreas tudo fica mais complicado.
   Os professores não acham que devem atender ao pedagogo, sentem-se capazes de dominar toda e qualquer técnica ou não usar técnica nenhuma, os pedagogos por sua vez pensam que devem ser "obedecidos", e ai a guerra está travada. Nem todos os professores do quinto ano para frente são como eu descrevi, como nem todo pedagogo se acha dono da razão. Porém na minha trajetória de pedagoga fui percebendo os "erros" de ambos os lados. Estudei muito, li muito sobre o que era ser pedagoga, qual o nosso papel perante o professor e principalmente perante o objetivo que queríamos alcançar, o aprendizado do aluno.
   Quando o pedagogo percebe a dificuldade da vida do professor ele imediatamente deveria colocar em prática a sua inteligência interpessoal, aquela em que se prima por um bom relacionamento com quem se trabalha. Vejamos, em nosso país o professor para sobreviver com o mínimo de dignidade tem que atuar em dois ou três períodos, façamos a conta: em cada turno ele deve dar aula em quatro salas, se cada sala tiver no mínimo de 30 alunos, nesse primeiro turno ele ministrou aula para cento e vinte alunos, se ele atender em mais dois turnos nesse mesmo patamar, no final do dia serão trezentos e sessenta alunos. Bem, conteúdos diferentes por que são séries diferentes, trabalhos, provas para corrigir, atividade extra classe, extra planejamento que chegam à escola de cima para baixo. Como esse professor encontrará tempo para estudar, reciclar, ler? Ai entra o pedagogo, mas não entra para mandar, exigir. Entra para ajudar, cooperar, vocês devem se perguntar agora pedagogos: como fazer isso se eles não aceitam? Eu respondo pela minha prática, aceitam sim, tudo dependerá da maneira que você o abordará, oferecerá sua ajuda.
   Sempre conversei com meus professores que eu estava ali para apoiá-los, pesquisar por eles o que eles não tinham tempo de fazer, me colocava como amiga, como parte da equipe, e que juntos eramos cada um elo de uma corrente. Pesquisava uma música, por exemplo: Pra não dizer que não falei das flores(Geraldo Vandré), pesquisava como poderia desenvolver uma aula de história com ela e entregava ao professor de história, porém sempre deixava claro que ele é que era o dono da sala, ele é que conhecia seus alunos, logo ele teria liberdade de usar ou não, de mexer, mudar o planejamento, bastava isso para ele sentir vontade de fazer e ainda me chamar para assistir a aula. Isso com português, matemática e todos os outros conteúdos. Eu ganhava o professor.
   Todos precisam de elogios no que fazem e isso sempre fiz, elogiava e muito, por que quando era necessário chamar o professor apara alertá-lo sobre a queda  de aproveitamento da turma, ele me ouvia e juntos discutíamos a situação, procurávamos juntos a solução.
   Não é fácil para nenhum dos dois lados chegar a essa convivência, porém não é impossível, e na minha opinião os passos para essa harmonia quem deve dar é o pedagogo, ele com certeza é menos assoberbado de serviço que o professor. Esse é o nosso papel, contribuir, ajudar, amparar, corrigir caminhos, mas isso deve ser feito lado a lado, somos uma equipe.
   O trabalho em escola não é fácil e jamais será, lidamos com vidas, com pensamentos, com ideias, e cada dia mais com problemas familiares, mas não é impossível você ganhar sua equipe, para uma união em busca do mesmo objetivo.
   Meus professores costumavam dizer que eu tinha um jeito de pedir algo, alguma aula diferente, mas que eu fazia isso de uma maneira que eles chegavam a pensar que a ideia era deles, por que eu estimulava o fazer, elogiava, levava ao conhecimento do diretor o excelente trabalho que fizeram. Logo a minha dica é essa, inteligência interpessoal, companheirismo, entender a dificuldade que é enfrentar uma sala de aula. O pedagogo que só cobra, que só critica não vai chegar a lugar nenhum, podem ter certeza, pois o professor vai até pegar sua ideia, porém não vai colocá-la em prática.
   Mude sua visão sobre os educadores, transmita a eles a alegria de ser educador, a importância de ser educador e principalmente demonstre sempre que toda a escola é uma EQUIPE.....

                                                                              Tania Rodrigues
                                                                                  Pedagoga
 

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