terça-feira, 24 de setembro de 2013

O que é a Prática Pedagógica???

“Ocorre que a escola, se vê diante de demandas
contraditórias em termos de socialização: de um lado precisa
estimar a crítica, a autonomia e a participação e, de outro,
a disciplina e a submissão ao trabalho”.
José Carlos Libâneo


2. O QUE É PRÁTICA PEDAGÓGICA?

   Prática é a execução repetida de um trabalho com a finalidade de adquirir
habilidade. Para Freire (1983, p. 40) "[...] a práxis, porém, é ação e reflexão dos
homens sobre o mundo para transformá-lo". Portanto, a prática é a ação para
transformação. A prática pedagógica como qualquer outra atividade, necessita de
estudos sucessivos, de pesquisa, de embasamento e de renovação para que o
profissional do ensino cause mudanças sociais através do seu trabalho. Mas afinal,
o que é prática pedagógica?
   Para muitos docentes a prática não exige teoria, basta ser praticada, o equívoco
está exatamente neste ponto, considerando que existe uma interdependência entre
a teoria e a prática, uma relação que acontece em torno da contradição, onde uma
não existe sem a outra. E o que é teoria? Freire (1979) destaca que teoria é um
princípio de inserção do homem na realidade, existindo nela, conseqüentemente
promove sua concepção da vida social e política. Portanto, para Paulo Freire a
relação teoria x prática é uma reflexão teórica, uma atitude do homem face ao
homem e do homem face à realidade.
   A prática pedagógica é uma prática social orientada por objetivos, conhecimentos e
finalidades e inserida no contexto da prática social (VEIGA, 1992). Já para Souza
(2010) a prática pedagógica ultrapassa os limites da esfera escolar, fazendo parte
também da dinâmica das relações sociais. Para Leal (2004) “[…] a prática
pedagógica constitui uma das categorias fundamentais da atividade humana, rica
em valores e significados, pois a questão metodológica se torna, muitas vezes, tão
essencial quanto o conhecimento.”
   Na filosofia da educação a prática pedagógica é entendida de maneira diversa, os
comportamentalistas acreditam que é uma atividade passível de observação, com
resultados que possam ser comprovados. Os humanistas colocam as relações
humanas como ponto de partida primordial para o processo de ensino aprendizagem. Já os cognitivistas entendem que ela tem a capacidade de desenvolver o raciocínio do aluno auxiliando-o na resolução de problemas. Machado
(2005, p. 127) explica que:
[...] a atividade crítica e criativa do aluno é fundamental para a ocorrência de
aprendizagem significativa, a prática pedagógica precisa incluir a atividade
deste agente, sem a qual não poderá ser entendida como prática
pedagógica. A atividade que exclui a participação ativa do estudante é um
equívoco pedagógico.
   A prática pedagógica é composta por atividades desenvolvidas rotineiramente no
cenário escolar, tendo como agentes envolvidos o professor e o aluno. De acordo
com Pavão e Gomes (2010):
[...]a atividade pedagógica implica sempre em um movimento de trocas
entre professor, alunos e conteúdos de ensino. A organização do sistema de
ensino repercute em uma proposta organizada e apresentada aos alunos.
   Considerada como a proposta ideal ou apenas inicialmente ideal, a partir da
qual decorrem as demais ações educacionais.
É importante lembrar que a prática pedagógica nem sempre alcançará os objetivos
determinados pelo planejamento inicial, porém pode-se considerar que
independentemente dos resultados, haverá algum tipo de aprendizagem por parte
dos envolvidos.
   Ferreira (2010) comenta que “ [...]toda a ação educativa implica necessariamente
uma intencionalidade, porque é uma ação política [...]”. Assim, a educação é
concebida como ato político e de comunicação, pois não existe uma ação sem uma
reação. Tudo o que é transmitido pelo emissor da mensagem, de alguma forma será
percebido pelo destinatário, negativa ou positivamente.
   O professor é um provocador de situações que associadas à realidade dos
educandos, contribuem para a geração de conhecimentos, mas não somente
conhecimentos relativos ao conteúdo determinado pelo plano de aula, mas àqueles
que os fazem refletir sobre o seu papel para com a sociedade em que estão
inseridos. Quanto ao papel do professor, Ferreira (2010) lembra que:
[...]o professor precisa se constituir no profissional reflexivo e da reflexão na
ação, tendo a reflexão como fundamento de suas práticas, considerando-se
que aquilo que o professor pensa sobre educação determina o que o
professor faz em suas práticas pedagógicas.
   Refletir acerca da prática pedagógica é fundamental para a atuação do professor,
estabelecendo equilíbrio entre o conhecimento curricular e o conhecimento adquirido por meio de experiências pessoais, convicções culturais e posicionamento social.
   Para que a ação pedagógica obtenha sucesso, Galveia apud Estrela et al. (2002)
cita alguns pontos que podem norteá-la: deve analisar as situações reais da
atividade profissional; ser orientada ao desenvolvimento de competência técnica;
auxiliar quanto à autonomia do professor; focar atividade do professor, além da sala
de aula, observando os contextos em que esta pode desenvolver-se; valorizar o
trabalho em equipe; deve fazer uma ponte entre os saberes já adquiridos e os
questionamentos que surgem no decorrer da ação.
   Visando o aperfeiçoamento e a democratização da prática pedagógica, a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/1996) proporcionou autonomia às
escolas no tocante à construção de seus projetos políticos pedagógicos (PPPs), o
que aumentou consideravelmente as exigências sobre a atualização dos
professores.
   De acordo com Fusinato e Iramina (2004) as mudanças propostas pela nova LDB
estão sendo implementadas gradativamente nos três níveis de ensino (fundamental,
médio e superior), provocando incertezas entre os educadores, com relação à
melhor maneira de proceder, para se atingir uma ação pedagógica eficaz.
   Uma das grandes incertezas do profissional da educação está na dicotomia teoria x
prática. Paulo Freire, grande educador, compreende que a teoria é um mecanismo
de inserção do homem na realidade, existindo nela, ele mesmo promove suas
concepções de vida social e política: Portanto, enfatiza o caráter transformador da
teoria, o qual envolve uma reflexão crítica da realidade. Já a prática, é percebida
como a ação do homem sobre o mundo a fim de transformá-lo.
    É preciso que fique claro que, por isto mesmo que estamos defendendo a
práxis, a teoria do fazer, não estamos propondo nenhuma dicotomia de que
resultasse que este fazer se dividisse em uma etapa de reflexão e outra,
distante, de ação. Ação e reflexão e ação se dão Simultaneamente.
(FREIRE, 1983, p. 149)
   Portanto, não há como dissociar a teoria da prática, as duas simplesmente não se
separam, e são elas que atribuem um caráter libertador ao saber. O educador deve
ter consciência do poder de suas ações no meio educacional, elas podem adquirir um caráter opressor ou transformador, isso dependerá dos valores sociais e morais
implícitos que este profissional transmitirá aos educandos. A educação é uma forma
de intervir na realidade, Freire (1979) enfatiza que o ato pedagógico é uma ação que
cria um conhecimento do mundo.
   A prática pedagógica é percebida de várias maneiras, cada autor a conceitua de
acordo com seu conhecimento curricular e de mundo, e cada docente aplica aquilo
que entende corresponder às suas expectativas e dos seus alunos, e contribuir no
processo de ensino-aprendizagem.
 
Sintetizando as diversas definições, entende-se por prática pedagógica, a maneira
pela qual os educadores inserem elementos no planejamento de rotina, que
propiciem uma ligação de sucesso entre a teoria, a prática e a experiência individual
de cada educando, estimulando a busca por respostas dos problemas mais
desafiadores, levando-o a um posicionamento crítico frente à realidade. Agora que
as definições de prática pedagógica já foram lapidadas, compreenderemos melhor a
evolução da prática pedagógica, analisando as diferentes configurações que vem
assumindo no decorrer da história da educação.

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